Lançamento: 2025
ISBN: 978-65-60-56117-5
188 páginas
Em nossa primeira troca de ideias, Severo Garcia e eu tentamos encontrar uma palavra para designar imóveis insones, como se isso fosse possível – ou, diga-se de passagem, necessário. Há elementos narrativos, que caracterizariam um romance, mas há também a presença marcante de uma linguagem poética, manejada por um autor criativo, sensível e de exímia habilidade técnica.
Durante a leitura, percebi que o hibridismo da forma reflete o conteúdo: uma mescla de melancolia e otimismo, das forças opostas e complementares do Eu, dos descompassos entre o que se guarda e o que se expõe, de brandura e dureza, ficção e realidade – tudo envolto por uma atmosfera de sonho (às vezes, pesadelo) e uma busca pela identidade mais profunda do sujeito. “Não é só meu corpo que diz quem eu sou”, afirma uma das vozes lírico-narrativas da obra, inteirando que “ainda nem sei tudo o que posso vir a ser”. E nessa busca de caráter existencialista, percebe-se um grito que clama pela liberdade de ser o que se é, em um mundo que só aceita quem se encaixa na homogeneidade.
A jornada percorrida, no entanto, não é marcada pelo desânimo, mas pela coragem de se embrenhar no desconhecido, pela denúncia do ódio e, acima de tudo, pelo amor, em todas as suas formas – o que se comprova em frases-versos que proclamam o desejo de “andar em bando, formar uma banda e cantar nos bares e catacumbas”, pois mesmo que nem sempre haja luz, é preciso “ser alegre tanto quanto se possa”.
Deixo, portanto, meu convite aos leitores para que desfrutem sem pressa deste livro, demorando-se onde as palavras se mostrarem capazes de alcançar a intimidade e despertar compaixão. E acresço: imóveis insones é uma dessas obras que merecem ser revisitadas, não apenas para revigorar a crença de que “tudo vai funcionar, ainda que tarde”, mas também porque, como declama o autor, “certas alegrias são feitas para serem relidas”.
— Aline Caixeta
Não estou sozinho, suspeito. Estão todos dormindo no apartamento. Meu ruído é mínimo – um risco, um cisco no silêncio. Escrevo enquanto dormem, porque escrever é prazer íntimo. Papel e caneta na mão, escuto o silêncio como quem sacia uma fome antiga. Amo quem contempla a quietude da alvorada. Estou quase imóvel. Na sala, os móveis repousam. Eles aguardam a segunda-feira, presos no tempo. Esperam um movimento, uma mudança. Segunda é um recomeço. Desejo alguém. Procuro esse alguém dentro de mim. Estou na sala entre mudos, entre surdos. Grito para dentro: quero um amor.
Lançamento: setembro de 2023
ISBN: 978-65-00-77507-5
48 páginas
“A poesia é perigosa” — Assim, triunfantemente, começa esse elegante relicário de frases que Severo Garcia construiu como um fino escultor. Ora, perigoso é Severo Garcia, ele próprio um relicário do mundo. Ele próprio elegante. Ele-poesia. Severo Garcia se funde à própria escrita. Relicário, por definição, é um objeto para guardar relíquias de um santo.
Mas Severo Garcia também não é santo. Pelo contrário, é um escritor maldito. E um maldito também guarda suas relíquias, seus cacarecos. Guarda palavras para amaldiçoar de literatura esse mundo árido de imaginação. Relicário, esse livreto magnífico, é um deleite, e as frases que o compõe ajudam a pisar no amanhã. Relicário é um grito.
— Roger Ceccon
Lançamento: março de 2022
ISBN: 978-65-993645-5-6
120 páginas
“Pensando Nele”, terceiro livro do escritor e poeta gaúcho Severo Garcia, promove uma experiência visual na conexão entre o texto e as cerca de 60 imagens incluídas na publicação. O livro nos lembra da importância da poesia nos dias de hoje, tempos de extremismos, de ausências, de inflexibilidades, de dureza e da exultação ao bruto. Severo Garcia gosta de brincar, de inverter, soltar a mão e de transformar sentenças não apenas em figuras de linguagem. Sua poesia é circular, angular, tortuosa, difusa, panfletária, sem padronização, tridimensional, política e transgressora, muitas vezes indecifrável como a arte em sua essência. A ilustração da capa tem a assinatura de Lu Vieira.
“Pensando nele é um convite ao jogo. Jogo de palavras, imagens e sentidos. Convite à poesia, na qual a palavra é tão importante quanto à imagem e ao modo como é desenhada na página. A palavra, o seu sentido, a grandeza do verso só se realizando no jogo das imagens. E tudo num passo de dança, de brincadeira, que logo o leitor capta o ritmo e se diverte. Verdadeiramente se encanta na busca dos significados possíveis de cada poema. Cada um deles é um desafio, pois nada é explícito, nada é óbvio. Faca torta que nos invade, conquista e TRANSBORDA.”
— Vitor Biasoli
Lançamento em 2021
ISBN: ISBN 978-65-00-14774-2
48 páginas
Feliz de quem tem dentro de si alguém para amar…
“Amarela”
…um registro, uma memória, uma invenção, uma ficção, uma narrativa intimista e colorida.
Encontro de dois – um par – afetados um pelo outro.
Esta história é fruto de uma necessidade invisível de amar.
Lançamento: setembro de 2020
ISBN: 978-65-00-03945-0
54 páginas
Severo Garcia é um poeta de veias abertas, que faz da América Latina seu exílio. Semelhante à Eduardo Galeano, é um “escrevinhador” de poesia, e faz dela sua ferramenta de trabalho, sua maneira de existir, sua estética no mundo. Sempre em movimento, ele é poesia pura. Apreciador das reticências do passado, eu diria que Severo Garcia é um poeta marginal, pois circunda pela margem e flerta com os desviantes e os desvalidos, com os loucos e inacabados, os que andam por aí a observar a cidade. É marginal porque rouba os afetos do mundo, rompe com as normas e questiona nossas certezas. Mas também faz poesia para as crianças, para os amigos, para os amores. É de uma genialidade mundana, ainda que exilado. “Poesia do Exílio” é um livro para ser sentido, com a mesma intensidade de quem o escreveu. Tenho a alegria de ter Severo Garcia como amigo, a dividir as mesmas utopias que nos põe a caminhar. É para isso que servem as nossas utopias.
— Roger Flores Ceccon
Lançamento: julho de 2013
ISBN: 978-85-8273-213-7
Editora Multifoco
118 páginas
Escritos marginais de um homem marginal. Severo Garcia nos presenteia com reflexões incomuns, extemporâneas e excêntricas. De uma excentricidade poética e crua, bela e dura. De uma extemporaneidade sobre-contemporânea. Por que se o incomum pode constituir-se como marginal, o autor amplifica o ruído do que passa despercebido no cotidiano mundano. Demonstra como ordinário muito do que julgamos extraordinário. Somos arrebatados para um mundo de detalhes e detalhamentos angustiantes, ora cáusticos, ora melancólicos. Não somos convidados, somos impelidos a olhar através das lentes do autor para uma realidade evitada. Inevitavelmente experimentamos cores, sabores e odores pouco desejáveis, mergulhamos num mar de restos e descartes.
Em “Marginais”, Severo Garcia brinca e brinda com o escuso e nos faz um convite sedutor e irresistível: amar a natureza humana, ainda que imperfeita, ainda que inacabada.
— Paula Thais Avila do Nascimento