profecia

De repente, tudo muda – não é isso, nem aquilo, só uma profecia. Vou descrever em detalhes. Antes deixar escrito do que perdido no inconsciente: foi naquele átimo do tempo em que tudo aconteceu diferente. Guardei isso no coração. Os detalhes são cinco – faiscantes sentimentos e impressões sobre a vida. Coisas já escritas há milhares de anos e em muitas línguas. Incontáveis são os detalhes de uma vida. Agora cito os cinco pormenores: o primeiro é a lua  — dispensa apresentações; o segundo é a noite sagrada e esvoaçante; o terceiro é o pianista vesgo desgastando a partitura; o quarto é o bugre fugindo como um cavalo veloz; e o quinto é a estrada ornamentada na planície infinita. Cinco detalhes insignificantes para as miudezas do tempo. A nostalgia atormenta a volta para o início como um desvio para a repetição. Mesmo em um território inimigo, hostil e perto do mar piscoso e barulhento, voltar para o começo é caducar os pensamentos. Um acontecimento é motivo para descer aos Infernos para encontrar um pai. Percorri a transmigração da alma para alcançar a essência das pessoas. Meu pai – aquele sem nome – é o passado, enquanto eu, sou o presente do Google. Os bilhetes levaram-me aos sonhos proféticos sob véu lagrimoso, o paraíso perdido. Naquele instante desci por três vezes aos Infernos. Por três vezes olhei encarnado – por decreto – o destino. Na quarta vez, um sacerdote usando vermelho, refletido na água, mostrou que se tratava de um homem sagrado indicando que eu era Eu.