sermão


Publicado em
Texto por
Severo Garcia
Imagem por
Severo Garcia

No primeiro sermão do ano refleti sobre as leis divinas na sagrada escritura. Deu merda. Primeiro, perguntei: os homens são propriedade do Estado ou de sua fé? Uma certa feita, conversei — como se estivesse num sonho —  com uma árvore sobre um monte. A árvore disse para tirar as sandálias em solo sagrado. Segui a indagação: como pode Deus ser um libertador, se alguns de nós serão tirados da terra, sem aviso, e se encontrarão com ele no reino dos céus? E se eu não quiser ir pra lá? Irei para o inferno? Purgatório? E se Deus também espera que possamos cumprir um destino dormente que somente ele sabe? Se sabe tudo, porque alimenta enigmas ancestrais e fala por parábolas? No fim, se diz que Deus irá nos acompanhar. Pra onde? Pra saber que vamos chegar pra cumprir um destino ou uma ordem? Simplesmente acredite, quando você chegar, saberá. Os sacerdotes ficaram empavoados com o sermão. O povo ficou chocado. Blasfêmia — foi manchete nos canais de comunicação. Nunca antes um santo papa havia posto Deus em questão? Mensagens anônimas de sentença de morte. Um alvo pintado em mim. Morte ao papa Francisco que interroga os planos de Deus. Um papa sem dogmas, é um papa falso. Deve ser deposto. Papa só termina o papado quando morre. Que morra. E aí: julgamento pra tudo que é lado. Até crucificação foi programada. Não compareci por força de contrato. O papa só pode ser morto se for canonizado. Só Deus é inominável [Deus é inominável?]. Eu, depois da morte, seguirei chamado de Francisco de Jesus, o primeiro de muitos. Ele se revelou em minha mente e a Palavra era Deus — feita de espírito — Luz eterna da mente. Uma chama. Uma lembrança que denuncia um Deus pai da morte. A promessa impossível é falar de igual pra igual com Deus, isso não perdurará, pois o que há de eterno após a vida?

SVG: print-light
SVG: facebook-brands