Não era o rim, nem a falta de água naquele dia ensolarado na areia da praia que surpreendia. Roberto andava com as duas pernas firmes e fortes. Eram pomposas. As pegadas não deixam dúvidas. Quem transitava na beira mar não evitava em olhar. Aquele era o Roberto? Não pode ser. Disseram que ele tinha uma prótese e escondia todo tipo de indício de um passado factível e trágico. E agora ele estava ali, de sunga caminhando na fofa areia num final de tarde, belo como os velhos românticos. Ainda estava abraçado e sorridente com uma mulher envolta nas sombras e contraste da luz do sol. Tudo parecia impossível. Roberto, sereno e alegre, na direção do horizonte. Cena de cinema. Ele caminhava em passos calmos como quem não tem problema algum no mundo capaz de atordoar seus passos invisíveis deixados para trás. Não adianta nem tentar. Não diga nada. Você vai lembrar de mim.