No banheiro notei que Lázaro olhava com atenção o meu pau. Ele disfarçava o que conseguia. Os chuveiros não tinham divisórias. Sem qualquer explicação comecei com uma dor aguda na parte de trás das costas. Pareciam agulhas espetando meu corpo de uma forma torturante. De repente, como que por milagre, expeli pela uretra uma pedra que acertou a perna de Lázaro. O alívio foi tão grande que cai de joelhos. Ele assustado tentou fazer algo, mas parecia em choque. Lázaro começou flutuar, apenas a ponta de seus dedos tocavam o chão molhado do banheiro. Urina e sangue pintavam o chão sujo. As dores e lesões que ele tentava esconder não mais estavam em seu corpo. Não lembrava quando havia sentido seu corpo desse modo, leve, repleto. Curado. Naquele dia no banheiro descobri que podia operar milagres. Lázaro nunca mais foi o mesmo. Sem dor, porém degenerado. Começou a fazer de tudo, com todos, a qualquer hora e em qualquer esquina. Curei as dores físicas de Lázaro, leproso, ou, livrando-o da lepra, libertei o libertino constrangido que habitava com uma mijada.