De geração em geração o desejo se transforma. É natural, diriam. Se a cada década fosse igual a outra, o que seriam das propagandas? O desejo é temporal. Notem o duplo sentido da palavra escolhida. Temporal é, a um só tempo, tempo e espaço. Sei que daqui pra frente já se foram os/as leitores/as críticos. Os críticos não toleram sandices. Agora, restaram os/as leitores/as amigos/as. Aqueles que reservam no peito a generosidade de aceitar as opiniões e bobagens dos amigos. Ainda bem que os amigos existem. O que quero dizer é simples: o desejo é incurável. Preste atenção! O desejo não é uma doença. Pelo contrário, o desejo é pura essência. Liberdade, quando se trata de algo importante para condição humana. O desejo não se importa com o abismo. É estrábico aos perigos. Cada corpo carrega um pouco de liberdade despedaçada. A transfiguração é alheia ao corpo. Um muro não é somente um muro. Uma divisa é uma forma de dizer: pare. O desejo detesta ser barrado. E antes que seja exorcizado por algum leitor afeito a psicanálise, fenomenologia, ou outra teoria, digo que não existe inconsciente, racionalidade ou existência, pois no creo en brujas, pero que las hay…Desejo desejos incuráveis para quem acredita na vida. Como disse, obrigado amigos/as que chegaram até aqui nesta pequena crônica besta.