despedida


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Severo Garcia
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Severo Garcia

Não sou orador. Sou um poeta. De poemas de despedida. Curtos e confusos. E se a poesia é um despedir-se de um instante, o tempo também é despedida. No decreto do Hoje, uma pequena parte de uma experiência parte para outros tempos e luares. É, deveras torto e limitado, considerar um bem material como digno de personificação, mas essa afirmação, além de tornar a narrativa caótica, também assinala que algumas pessoas acabam desnorteadas a tanta informação desnecessária. A vida tem um destino? É o caso da vida, por destino, um não destino. Não se tem registro de um discurso solto, se não fosse, para aproximar o que se diz para dizer. Em uma noite obscura, a despedida, talvez seja o brilho de um olhar de quem dança no escuro. O gosto pela surpresa pode ser invisível e indizível, como a verdade. E a incerteza é o caminho sem destino. O confortável e o sútil de parte da vida se revelam quando se para para pensar. Intranquila é velocidade do destino. Apegos e problemas se tornam realidades, ainda que poucos são sensíveis para reparar nestas porções imperceptíveis da vida. Os padrões que escutamos são inacreditáveis, mas os segundos e a verdade se deslocam com fluidez. Incerto é o paradeiro de um poema sujo. Sem estrofe, rima e sonoridade. Mas, às vezes, são essas palavras que sopram os ventos do mundo. Como uma tatuagem ou vírus que não morre. O poeta é sujeito bobo que adora exibir sua prole. Poesias soltas nas ruas, nos ônibus e nas rodovias. A fecunda fabrica de enquadramento de uma paisagem, de um dia, de uma pessoa pincelada em algo em branco, vazio e incontrolável. Embora tem poeta que conta até rima para rimar com ritmo. Bobo é escrever cada bobagem com o esforço de quem quer atravessar o fora e sabe o quanto é asfixiante colocar de lado o que se sente, se prova, se ri e se chora. Antes de partir pode ser válido escrever sobre a despedida. Sem qualquer dúvida, despedir-se não é tirar a própria vida, pelo contrário, trata-se de uma oportunidade para se afetar pelo o inesperado e o inevitável do mundo. O que nos mostram as despedidas? Seria um abuso ou deboche encerrar um poema, como esse, com uma interrogação, mas tudo é questão de interpretação. Eu não gostaria de finalizar essa conversa abrindo uma saída em destino a um desvio do fim.

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