Naquela época


Publicado em
Texto por
Severo Garcia
Imagem por
Denise Severo

Naquela época, ser mulher era ser mulher de “alguém”. Não fazia ideia do porquê as minhas mãos serem frias. Com o tempo descobri que era a fome de liberdade. Estou no apocalipse com uma besta de sete cabeças e dez chifres, vestida de púrpura e escarlate, chamada de mãe das abominações, mas no apocalipse só há homens. E eu, uma viúva negra, quero vingar. A minha vingança é envelhecer. Bajubá com a minha língua bifurcada. Não faço a loka. Não sou vaca de presépio.

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