pornografia infantil na internet


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Texto por
Severo Garcia
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Severo Garcia

#demónios

Pânico moral toma conta da vizinhança — latem os cachorros e soam sirenes. Entre sombras e segredos, a investigação acabou na residência silenciosa do mudo do bairro. Após o cumprimento do mandato de busca e apreensão, o boato se espalhou rápido: o vizinho era viciado em pornografia infantil na internet. O julgado-meliante era conhecido por na rua. Rapaz sério e responsável, só se via encerrado em casa. Boa aparência. Roupa alinhada. Metódico – grama aparada, calçada limpa, leitura do jornal todo dia às sete horas, cabelo e barba aparados, carro limpo. Nada se ouviu falar dele até aquele dia. Julgavam introvertido. Morava sozinho. Rapidamente recebeu o castigo da certeza dos vizinhos desavisados. Sexo censurado. Ele saiu algemado com o rosto escondido entre as palmas das mãos. Roupa amarrotada, cabelo bagunçado, olheiras. Vídeos e imagens metodicamente catalogados – sexo, idade, cor da pele. Era uma biblioteca pedofiliária muda no silêncio das madrugadas.

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